O dólar recuava frente ao real nesta quarta-feira, com o mercado de olho na ação firme do Banco Central para tentar conter a volatilidade da moeda norte-americana após a vitória de Donald Trump na corrida presidencial nos Estados Unidos ter levado muitos investidores a se desfazerem de posições em países emergentes.
O movimento de queda no mercado brasileiro vinha mesmo com a alta do dólar frente a outras moedas emergentes.
Às 10h18, o dólar cedia 0,37 por cento, cotado a 3,4282 reais, depois de acumular alta de 8,63 por cento nos últimos quatro pregões. O dólar futuro registrava queda de cerca de 0,20 por cento.
"O BC previu uma volta volátil do feriado e por isso o leilão de novos contratos de swap tradicional", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
Nesta manhã, o dólar subia ante moedas emergentes como o rand sul-africano, o peso mexicano e o peso chileno. O índice do dólar diante uma cesta de moedas atingiu nesta manhã a máxima em 14 anos.
Na noite de segunda-feira, o BC anunciou intervenção maior do mercado de câmbio para este pregão, já que na véspera esteve fechado pelo feriado da Proclamação da República. Nesta manhã, já vendeu todos os 10 mil novos contratos de swap cambial tradicional ofertados, equivalentes à venda futura de dólares. Ainda nesta manhã, realizará outro leilão de swaps tradicionais, mas este para rolar os papéis que vencem em 1º de dezembro, de até 20 mil contratos.
A ação do BC veio em conjunto com a do Tesouro Nacional que, além de suspender os leilões de venda de LTN e NTN-F desta semana, anunciou leilões diários de compra de Notas do Tesouro, Série F (NTN-F), também devido à volatilidade dos mercados.
A atuação coordenada veio após a forte volatilidade nos mercados financeiros, com os investidores temerosos que a política econômica de Trump seja inflacionária e, assim, obrigue o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar mais os juros na maior economia do mundo, com potencial para atrair recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.
No final da semana passada, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a autoridade monetária continuará atuando no mercado de câmbio, ressaltando que o estoque de swaps tradicionais é menor hoje em dia, em cerca de 25 bilhões de dólares, o que dá "conforto" para a ação do BC.
Ilan disse ainda que o câmbio flutuante no Brasil é uma importante ferramenta e repetiu que o BC somente reduzirá o estoque de swaps tradicionais quando as condições de mercado permitirem.
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