O dólar fechou em alta de mais de 1 por cento ante o real nesta segunda-feira, encerrando a quarta sessão consecutiva de valorização, com os investidores ainda se desfazendo de posições de países emergentes, como o Brasil, após a vitória de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos e em meio à disparada dos rendimentos dos Treasuries.
O dólar avançou 1,43 por cento, a 3,4408 reais na venda, maior valor desde 16 de junho (3,47 reais), e acumulou alta de 8,63 por cento nos últimos quatro pregões. O dólar futuro subia cerca de 1,5 por cento nesta tarde.
Na máxima do dia, a moeda norte-americana bateu 3,4752 reais, com alta de 2,44 por cento.
"O mercado está bem atento ao que está acontecendo lá fora e o destaque é a alta bastante firme dos juros dos Treasuries", comentou o economista da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.
Em sua campanha à Presidência, Trump prometeu criar empregos principalmente por meio de gastos em infraestrutura, o que pode gerar inflação e obrigar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a ser mais agressivo em sua política de elevação das taxas de juros. Assim, as taxas dos títulos norte-americanos subiam, com destaque para os de 10 anos.
Juros mais altos nos Estados Unidos têm potencial para atrair recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro. O dólar também subia frente a outras moedas de países emergentes nesta sessão, como o peso mexicano.
Por causa do feriado da Proclamação da República na terça-feira, o volume da sessão foi um pouco mais contido.
"A ausência de dados relevantes neste pregão acabou contribuindo para um mercado menos nervoso hoje", comentou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora nacional.
Com a forte reação no mercado de câmbio à eleição de Trump, o Banco Central brasileiro voltou a atuar por meio de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Neste pregão, vendeu 15 mil contratos para rolar os swaps que vencem em 1º de dezembro.
No entanto, o mercado está de olho em novas atuações, como fez o BC no pregão passado, quando anunciou outros dois leilões de swaps tradicionais. Desde abril, o BC não usava esse instrumento, atuando apenas por meio de swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares.
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, já afirmou que continuará atuando no mercado de câmbio, ressaltando que o estoque de swaps tradicionais é menor hoje em dia, o que dá "conforto" para a ação do BC. Disse ainda que o câmbio flutuante no Brasil é uma importante ferramenta e repetiu que o BC somente reduzirá o estoque de swaps tradicionais quando as condições de mercado permitirem.
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