As notícias sobre a reunião do comitê técnico da Opep e a dúvida sobre se os produtores de petróleo do grupo conseguirão chegar a um acordo em sua reunião oficial, em 30 de novembro, causaram extrema volatilidade nos preços do petróleo nesta segunda-feira, com os especialistas ponderando o que um possível acordo de limitação da produção do insumo pode causar a curto prazo e em 2017.
Em setembro, a Opep, que representa um terço da produção de petróleo no mundo, concordou em limitar a produção em 32,5 milhões a 33 milhões de barris por dia, frente aos 33,64 milhões de barris atualmente, para estimular o aumento dos preços do petróleo, que perderam mais da metade de seu valor desde meados de 2014.
No entanto, não se determinaram cotas individuais nessa reunião, com a promessa de finalizar os detalhes na reunião oficial, marcada para esta quarta-feira.
Hoje, o comitê técnico da Opep continuou trabalhando nesses detalhes, em Viena.
Uma queda de US$ 12 ou valorização de US$ 5?
A JP Morgan afirma que as chances de concretização de um acordo na quarta-feira são de 60%, mas alerta que a falta de um acordo pode fazer com que os preços despenquem para US$ 35 ou US$ 40, dependendo de outros fatores como o clima ou a estabilidade do mercado financeiro de forma mais ampla.
Por outro lado, a Morgan Stanley anunciou que, apesar de improvável, "um anúncio sólido da Opep visando um corte significativo (especialmente em direção a 32,5 milhões de barris) poderia gerar uma elevação de US$ 5 ou mais nos preços do petróleo ao longo dos próximos dias (como fez a Argélia), principalmente se sustentado por declarações sólidas dos países não membros da Opep, antes que o foco mude para o risco de execução, sustentabilidade e eventual resposta à oferta por parte dos não membros do órgão."
Acordo da Opep pode pavimentar o caminho para os preços do petróleo em 2017
De acordo com a JP Morgan, embora o acordo do limite de produção possa determinar a formação de preços para todo o ano de 2017, um acordo mediado pela Opep não é o único fator considerado pelos especialistas para a análise dos preços do petróleo no futuro.
Considerando que o grupo efetive a restrição autoimposta da produção, a JP Morgan prevê que os preços do petróleo, ao fim de 2017, fiquem entre US$ 45 e US$ 50, se a administração de Trump nos EUA priorizar sanções comerciais em detrimento dos estímulos.
"Porém, a combinação do menor crescimento e das sanções comerciais dos EUA com a falta de um acordo mediado pela Opep pode fazer com que os preços do petróleo entrem novamente em um ciclo de queda, com outros quatro trimestres de elevação dos estoques pesando consideravelmente nos preços do insumo bruto", alertou.
Na mesma linha de raciocínio, a Morgan Stanley também acredita que as medidas da Opep determinarão o rumo dos preços do petróleo para 2017.
"Se a Opep pode cortar a produção significativamente, poderá antecipar o momento de reequilíbrio e a próxima fase do ciclo, em que o investimento é incentivado", afirmaram os economistas.
Em consonância com a análise da JP Morgan, os analistas da Morgan Stanley acreditam que os preços do petróleo apresentam potencial de desvalorização limitado com base no sentimento e na posição, e esperam que continuem variando entre US$ 40 e US$ 55 por grande parte de 2017.
Por fim, suas perspectivas para 2017 parecem se sustentar menos no resultado da reunião da Opep do dia 30 de novembro.
"A capacidade da Opep de sustentar preços materialmente mais elevados por todo o ano de 2017 pode ser limitada, dada a possível reação na oferta (embora com atraso) e o histórico ruim do grupo quando se trata de respeitar cotas", explicam os especialistas.
Negociação volátil do petróleo com novidades da Opep
O pregão desta segunda-feira foi volátil, com os preços oscilando de acordo com as notícias sobre o acordo de produção.
Na última sexta-feira, a Arábia Saudita cancelou as tratativas com os produtores não membros da Opep, como a Rússia, que estavam agendadas para esta segunda, porque acredita que o grupo precisa resolver suas diferenças primeiro.
No final de semana, o ministro do petróleo da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, afirmou que a redução da oferta pode não ser necessária, reiterando que os preços se estabilizarão em 2017 sem uma intervenção da Opep.
Esses comentários foram vistos como uma indicação de que um acordo sobre o primeiro corte de produção mediado pela Opep em oito anos pode não ser concretizado em Viena.
Buscando sustentar os preços do petróleo bruto, os ministros do petróleo da Argélia e da Venezuela devem viajar a Moscou nesta segunda-feira, em uma tentativa de persuadir a Rússia a participar dos cortes em vez de meramente congelar a produção.
Os preços dispararam rapidamente depois que o ministro do petróleo iraquiano, Jabar Ali al-Luaibi, afirmou, hoje, que está "otimista" com a concretização de um acordo benéfico a todas as partes nesta semana por parte da Opep.
O Irã e o Iraque estão relutantes em aceitar limitar ou reduzir sua produção.
O petróleo bruto americano futuro variou entre US$ 45,16 e US$ 47,29 na quarta-feira e registrou alta de 2,19%, cotado a US$ 47,07, às 13h09, no horário de Brasília.
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