O dólar saltou 2,4 por cento nesta quinta-feira e encostou no patamar de 3,47 reais, maior nível em cinco meses e meio, influenciado pelo cenário político doméstico e por temores com os próximos passos do Federal Reserve, banco central norte-americano.
O dólar avançou 2,40 por cento, a 3,4685 reais na venda, maior nível de fechamento desde 16 de junho (3,4700 reais). Em novembro, o dólar já havia acumulado valorização de 6,18 por cento, a maior mensal desde setembro de 2015.
Na mínima desta sessão, a moeda norte-americana marcou 3,3825 reais e, na máxima, foi a 3,4804 reais. O dólar futuro subia cerca de 2,5 por cento no final desta tarde.
"O cenário político está conturbado, o que pressiona a moeda (norte-americana)", resumiu o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Ele se referia à manobra frustrada do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de tentar aprovar urgência para votar o texto desfigurado das 10 medidas anticorrupção e que foram alvos de críticas pelo Ministério Público. Renan será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, por crime de falsidade ideológica, uso de documento falso e peculato.
A situação política mais sensível preocupa os investidores porque pode atrapalhar a votação de importantes medidas econômicas no Congresso Nacional.
Outro fator de preocupação foi o Fed, que se reunirá neste mês para definir o rumo da taxa de juros, com expectativas amplas dos agentes econômicos de que serão elevados. O mercado vai procurar pistas sobre o ciclo de aperto, sobretudo após a eleição de Donald Trump, que pode adotar uma política econômica inflacionária e pressionar o Fed por mais altas de juros.
"As incertezas domésticas somadas ao exterior acabaram gerando uma onda de 'stops'. Quando o mercado está nervoso, qualquer coisa acaba superdimensionada", comentou um operador de uma corretora nacional.
Os rendimentos dos Treasuries subiam nesta sessão, com as taxas de referência atingindo os níveis mais altos em meses diante das expectativas de que os ganhos nos preços do petróleo, que saltaram mais de 4 por cento neste pregão, e as políticas de Trump podem alimentar a inflação.
Pesquisa Reuters mostrou que a incerteza sobre o futuro do câmbio no Brasil e na América Latina disparou após a eleição de Trump para a Casa Branca, com chances de mais valorização do dólar nos próximos meses.
O dólar deve ser cotado a 3,49 reais no Brasil daqui a um ano, segundo a mediana das projeções de 28 analistas que variaram entre 3,88 e 2,98 reais. A grande variação das estimativas, que se repete para outras moedas, é um indicativo da incerteza sobre o câmbio na região.
O movimento de alta do dólar reforçou a cautela dos investidores por alguma intervenção do Banco Central brasileiro no mercado de câmbio. Mais uma vez, o BC não anunciou qualquer movimento nesta sessão, mas parte do mercado acreditava que a autoridade monetária poderá anunciar leilões de swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolar os contratos que vencem em janeiro, equivalente a 5 bilhões de dólares.
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